Quem são elas: primeira árbitra mulher e assistente brasileira fazem história na Copa do Mundo.
- Samuel Moreira
- 1 de dezembro de 2022
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Stéphanie Frappart, árbitra francesa: a primeira mulher a conduzir jogo em Copa do Mundo masculina — Foto: REUTERS/Hannah Mckay
Após 92 anos da primeira edição, Stéphanie Frappart, Neuza Back e mexicana Karen Medina tornam-se, nesta quinta, primeiras mulheres a comandar jogo do Mundial masculino
FONTE: GLOBOESPORTES//Por Camila Alves — Recife
Stéphanie Frappart, Neuza Back e Karen Diaz Medina. Nunca antes a assinatura do trio de arbitragem na súmula de uma partida teve tamanha importância. Afinal, foram 92 anos de espera. Nesta quinta-feira, elas fazem história: são as primeiras mulheres árbitras a comandar um jogo da Copa do Mundo masculina de futebol.
O trio de arbitragem conduz o confronto entre Alemanha x Costa Rica, no estádio Al Bayt, pela última rodada da fase de grupos do Mundial no Catar.
Stéphanie Frappart, árbitra francesa: a primeira mulher a conduzir jogo em Copa do Mundo masculina — Foto: REUTERS/Hannah Mckay
De um lado do campo, o técnico da Alemanha, Hansi Flick, apoiou o pioneirismo de Frappart. De outro, o técnico Luis Fernando Suárez, da Costa Rica, exaltou a representação da conquista para as mulheres no futebol.
– Eu confio 100% nela. Acho que ela merece estar aqui – disse Flick.
– Sou um admirador profundo de tudo que as mulheres têm conquistado e acho que elas têm que continuar conquistando. Especialmente nesse esporte que é muito sexista. É difícil atingir esse espaço e acho que é um passo positivo para o futebol – destacou Suárez.
As mulheres árbitras… de onde vieram
Desde a Copa de 1930 – na primeira edição do torneio -, a Fifa nunca havia escalado mulheres para qualquer função da arbitragem nos jogos do Mundial. Nem mesmo no VAR. Uma postura que expõe a falta de oportunidades na formação e também uma evolução tardia na área – considerando que a primeira mulher árbitra no mundo estreou apenas na década de 1970: a brasileira Léa Campos.
Os registros históricos sobre as mulheres no futebol são escassos, mas Léa deixou o nome marcado como possivelmente sendo a primeira mulher a apitar jogos do masculino.
Léa Campos, primeira árbitra do Brasil — Foto: Arquivo Pessoal
Durante 40 anos, entre 1941 a 1979, as mulheres foram proibidas de jogar futebol no Brasil, com base no Decreto-Lei 3.199 – e isso afetou o desenvolvimento delas no esporte. O pioneirismo de Léa, por exemplo, aconteceu neste período, e por anos a Federação Mineira não autorizou a expedição de seu diploma. Desde então, a evolução na arbitragem aconteceu de forma tímida – em todo o mundo.
O Campeonato Brasileiro, por exemplo, só voltou a ter mulheres árbitras de forma contínua há três anos – em 2019. Na Europa, só em 2017 uma de suas principais ligas masculinas teve uma mulher no comando de arbitragem, com Bibiana Steinhaus, na Bundesliga.
Na Copa do Mundo masculina…
A presença de mulheres na arbitragem do Mundial feminino tornou-se uma imagem comum, mas em meio aos homens, a competição parecia distante de uma mudança. Em sua última edição, por exemplo, em 2018, na Rússia, foram 99 nomes convocados – entre juízes e assistentes. Nenhuma mulher.
Quatro anos depois, das 129 pessoas escolhidas pela Fifa para a Copa de 2022, há seis mulheres: Neuza Inês Back (Brasil), Karen Diaz Medina (México), Yoshimi Yamashita (Japão), Stephanie Frappart (França) e Kathryn Nesbitt (Estados Unidos). Menos de 5% do todo, mas com o peso de ser um marco histórico. Curiosamente, no conservador Catar.
Cristiano Ronaldo e Stephanie Frappart antes de jogo pela Copa — Foto: REUTERS/Hannah Mckay
Stéphanie Frappart: a primeira mulher árbitra na Copa
Frappart coleciona pioneirismos. Antes mesmo de comandar Alemanha x Costa Rica, por exemplo, tornou-se a primeira mulher em uma partida da Copa masculina – como quarta-árbitra de México x Polônia. A francesa tem 38 anos, está no quadro da Fifa desde 2011 e também foi a primeira de outras quatro competições: Campeonato Francês, Liga dos Campeões, Eliminatórias para o Catar e a final da Supercopa da UEFA.